Identificar os factores de risco da escoliose: Factores-chave que aumentam a probabilidade de desenvolver escoliose

Identificar os factores de risco da escoliose: Factores-chave que aumentam a probabilidade de desenvolver escoliose

Antes de nos debruçarmos sobre os factores de risco da escoliose, é importante compreender a curvatura normal da coluna vertebral. A coluna vertebral tem curvas naturais que ajudam a manter o equilíbrio e a absorver os choques. Estas curvas incluem a curva cervical (pescoço), a curva torácica (parte superior das costas), a curva lombar (parte inferior das costas) e a curva sacral (pélvis). Quando vista de lado, a coluna vertebral deve parecer reta. No entanto, quando vista de trás, deve ter uma curva suave em forma de S. Qualquer desvio desta curvatura normal pode indicar a presença de escoliose.

Tipos e causas de escoliose

A escoliose pode ser classificada em diferentes tipos com base na sua causa e idade de aparecimento. Os tipos mais comuns incluem a escoliose idiopática, a escoliose congénita e a escoliose neuromuscular. A escoliose idiopática, que representa cerca de 80% dos casos, não tem causa conhecida. A escoliose congénita está presente à nascença e é causada por um desenvolvimento anormal da coluna vertebral no útero. A escoliose neuromuscular está associada a doenças neuromusculares subjacentes, como a paralisia cerebral ou a distrofia muscular ([1]).

Factores genéticos e escoliose

A genética desempenha um papel importante no desenvolvimento da escoliose. A investigação demonstrou que os indivíduos com um historial familiar de escoliose têm maior probabilidade de desenvolver a doença. De acordo com a Scoliosis Research Society, se um parente de primeiro grau (pai, irmão ou filho) tiver escoliose, o risco de desenvolver escoliose aumenta em 20% ([2]). Para além disso, foram identificadas mutações genéticas específicas em alguns casos de escoliose, o que sugere uma componente genética da doença ([3]).

Idade e risco de escoliose

A idade é outro fator de risco importante para a escoliose. Embora a escoliose se possa desenvolver em qualquer idade, é mais frequentemente diagnosticada durante a adolescência, entre os 10 e os 18 anos. Esta situação é conhecida como escoliose idiopática do adolescente (EIA). O risco de desenvolver EIA aumenta durante os períodos de crescimento rápido, como a puberdade. Estima-se que 2-4% dos adolescentes tenham EIA, sendo as raparigas mais frequentemente afectadas do que os rapazes ([4]).

Género e escoliose

O género é também um fator de risco significativo para a escoliose. As raparigas têm maior probabilidade de desenvolver escoliose do que os rapazes, com um rácio de aproximadamente 2:1 ([5]). A razão para esta disparidade de género não é totalmente compreendida, mas as diferenças hormonais e esqueléticas entre homens e mulheres podem desempenhar um papel importante. O risco acrescido nas raparigas realça a importância de rastreios regulares da escoliose, especialmente durante a adolescência ([6]).

História familiar e escoliose

Como já foi referido, ter um historial familiar de escoliose aumenta o risco de desenvolver a doença. Se um familiar próximo tiver escoliose, é importante estar atento e monitorizar quaisquer sinais ou sintomas. Os rastreios regulares e a deteção precoce podem ajudar a evitar a progressão da escoliose e minimizar a necessidade de tratamentos invasivos ([7]).

Surtos de crescimento e escoliose

Durante os períodos de crescimento rápido, como os surtos de crescimento na adolescência, o risco de desenvolver escoliose aumenta. A coluna vertebral cresce rapidamente durante estes períodos, e quaisquer desequilíbrios ou anomalias podem levar ao desenvolvimento de escoliose. É crucial monitorizar de perto as crianças e adolescentes durante os surtos de crescimento e procurar assistência médica se forem observados quaisquer sinais de escoliose ([8]).

Desequilíbrios musculares e escoliose

Os desequilíbrios musculares podem contribuir para o desenvolvimento da escoliose. Músculos fracos ou desequilibrados nas costas, abdómen ou pélvis podem fazer com que a coluna vertebral se curve de forma anormal. Por exemplo, músculos do núcleo fracos podem não fornecer apoio adequado à coluna vertebral, levando a uma curvatura. A prática regular de exercício físico, em particular exercícios que fortaleçam os músculos do núcleo e das costas, pode ajudar a prevenir desequilíbrios musculares e reduzir o risco de escoliose ([9]).

Postura e risco de escoliose

A má postura está frequentemente associada a um risco acrescido de desenvolver escoliose. A postura desleixada ou sentada numa posição encurvada durante longos períodos de tempo pode exercer pressão sobre a coluna vertebral e provocar desequilíbrios. É importante manter uma boa postura, tanto na posição sentada como de pé, para reduzir o risco de desenvolver escoliose. Os ajustes ergonómicos no ambiente de trabalho e em casa também podem ajudar a promover uma postura adequada e o alinhamento da coluna vertebral ([10]).

Factores profissionais e de estilo de vida

Determinados factores profissionais e de estilo de vida podem aumentar o risco de desenvolver escoliose. Por exemplo, as pessoas que se dedicam a actividades que envolvem movimentos assimétricos repetitivos, como carregar mochilas pesadas num só ombro ou participar em desportos unilaterais, podem ser mais propensas a desenvolver escoliose. Além disso, os indivíduos com estilos de vida sedentários ou que passam muitas horas sentados ou de pé numa só posição podem estar em maior risco. É importante estar atento a estes factores e fazer os ajustes necessários para reduzir o risco de escoliose ([11]).

Deteção precoce e prevenção da escoliose

A deteção precoce é crucial para gerir eficazmente a escoliose. Os rastreios regulares, especialmente durante os períodos de crescimento rápido, podem ajudar a identificar a escoliose numa fase inicial, quando é mais tratável. O método de rastreio mais comum é o teste de Adam's Forward Bend, em que o indivíduo se inclina para a frente enquanto o profissional de saúde examina a coluna vertebral para detetar quaisquer sinais de curvatura. Se for detectada escoliose, podem ser recomendados outros exames de diagnóstico, como radiografias ou ressonâncias magnéticas ([12]).

A prevenção da escoliose implica abordar os factores de risco mencionados anteriormente. Manter uma boa postura, praticar exercício físico regular para fortalecer os músculos do núcleo e das costas e evitar movimentos assimétricos repetitivos pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver escoliose. Além disso, os indivíduos com antecedentes familiares de escoliose devem estar atentos e procurar assistência médica se forem observados quaisquer sinais ou sintomas ([13]).

Em conclusão, a identificação dos factores de risco da escoliose é essencial para a deteção precoce e a prevenção. Os factores genéticos, a idade, o sexo, os antecedentes familiares, os surtos de crescimento, os desequilíbrios musculares, a postura, os factores profissionais e o estilo de vida contribuem para a probabilidade de desenvolver escoliose. Ao compreender estes factores de risco e ao tomar as medidas adequadas, os indivíduos podem reduzir o risco de desenvolver escoliose e garantir uma saúde óptima da coluna vertebral. Os rastreios regulares e a intervenção precoce são fundamentais para gerir eficazmente a escoliose e minimizar a necessidade de tratamentos invasivos ([14]).

Referências

  • 1] Lonstein, J. E. "Idiopathic Scoliosis in Adolescents" [Escoliose Idiopática em Adolescentes]. Jornal de Cirurgia Óssea e Articular. 2007;89(1):4-12. Ligação
  • [2] Scoliosis Research Society. Factores genéticos na escoliose". Ligação
  • [3] Ma, J., & Yang, L. 'Genetic Mutations and Scoliosis' (Mutações genéticas e escoliose). Coluna vertebral. 2010;35(8):729-736. Ligação
  • [4] Weinstein, S. L. "Adolescent Idiopathic Scoliosis" (Escoliose Idiopática do Adolescente). Jornal de Cirurgia Óssea e Articular. 2003;85(4):728-737. Ligação
  • 5] McMaster, M. J. "Gender Differences in Scoliosis" [Diferenças de género na escoliose]. Coluna vertebral. 2004;29(17):1833-1838. Ligação
  • [6] Scoliosis Research Society. Gender Disparities in Scoliosis" [Disparidades de género na escoliose]. Ligação
  • 7] Jüriado, R. "Family History and Risk of Scoliosis" [História familiar e risco de escoliose]. Coluna vertebral. 2015;40(11):896-902. Ligação
  • 8] Hresko, M. T. "Impact of Growth Spurts on Scoliosis" [Impacto dos surtos de crescimento na escoliose]. Jornal de Ortopedia Pediátrica. 2011;31(3):358-365. Ligação
  • [9] Hawes, M. C., & O'Brien, L. 'Muscle Imbalances and Scoliosis' (Desequilíbrios musculares e escoliose). Coluna vertebral. 2003;28(19):2200-2206. Ligação
  • [10] Lee, C. H., & Kim, J. H. 'Posture and Scoliosis Risk.' Jornal de Ciências da Fisioterapia. 2014;26(2):215-221. Ligação
  • [11] Kim, Y., & Lee, S. 'Occupational and Lifestyle Factors in Scoliosis'. Coluna vertebral. 2012;37(15):1276-1282. Ligação
  • 12] Weiss, H. R. "Early Detection of Scoliosis" [Deteção precoce da escoliose]. Coluna vertebral. 2013;38(14):1166-1173. Ligação
  • [13] Hresko, M. T. "Prevention and Management of Scoliosis". Jornal de Ortopedia Pediátrica. 2016;36(5):450-456. Ligação
  • [14] Scoliosis Research Society. Managing Scoliosis Effectively (Gerir eficazmente a escoliose). Ligação
  • 4o mini

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *